Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Cena surpresa de D.Paulo Evaristo Arns em novela despertou a ira do Dops

Conta-nos Francesco Calvano, diretor de TV que tão bem dominou os corredores da pioneira TV Tupi, que a participação de D. Paulo Evaristo Arns na novela “O Profeta”, de Ivani Ribeiro, entre outubro de 1977 e abril de 1978, provocou a ira dos militares.

À época, tudo era rigorosamente submetido à Censura. “Mas a cena em que D. Paulo participou foi inserida de última hora por ordem do Guga, diretor-geral, ao Antonino Seabra, diretor da novela, e denunciava as atrocidades que o governo fazia com os presos políticos”, lembra Calvano, que continua: “Dia seguinte aparecem Agentes do Dops, querendo apreender o capitulo da Novela, e prender o D. Paulo. O Guga me chama e pede para providenciar a entrega do material ‘subversivo’ e, irônico, diz: ‘quanto ao D. Paulo, os senhores terão que falar com o chefe dele, o Papa ou então com o patrão dele, Deus’. Resumo: fomos todos parar no Dops, para esclarecimentos em seguida soltos. Obrigado, homem santo e corajoso. Descanse.”

Da autora do hit “A Viagem”, “O Profeta” contava a história de Daniel, personagem de Carlos Augusto Strazzer, que tinha poderes extra-sensoriais e explorava comercialmente seu dom de prever o futuro. Três mulheres (Carola/Débora Duarte, Sônia/Elaine Cristina e Ruth/Glauce Graieb) disputavam o poderoso protagonista. O clímax do folhetim, segundo o livro “Memória da Telenovela Brasileira”, de Ismael Fernandes (ed.Brasiliense, 1997) ocorreu com a morte de Murilo (Walter Prado), conforme Daniel havia previsto.

Além do então Arcebispo de São Paulo, a novela também contou com a participação de outra figura aclamada, o médium Chico Xavier.

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Cristina Padiglione

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