Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Pesquisa entre geeks reforça queda da TV paga e crescimento do streaming

O inverno chegou: lançamento da HBO GO fora de pacotes de TV paga endossa tendência na mudança de hábitos

De 2016 a 2017, o número de assinantes de serviços de streaming cresceu 1 ponto porcentual (de 96% para 97%), enquanto o saldo de consumidores de TV por assinatura caiu de 72% para 68%. Mas, atenção, estamos falando de um segmento muito específico de público, e não do público em geral, nicho onde essa gangorra é mais acentuada: a dos geeks, turma obcecada por HQs, séries e afins.

Nem por isso se deve tratar esse target como plateia à parte do comportamento geral, visto que ela é formada sobretudo por jovens, espectadores/consumidores que ditam tendências para a massa de um futuro muito próximo.

Obtidos em primeira mão pelo TelePadi, os dados são referentes à 5ª edição da pesquisa Geek Power, realizada pelo Omelete Group, em parceria com o IBOPE Conecta – plataforma web do IBOPE Inteligência.

Em 2017, 97% do público revelou ter o hábito de usar algum serviço de streaming de vídeo. Entre eles, Netflix (91%), Youtube (80%) e HBO Go (13%). Na segunda edição da pesquisa, em 2014, esse número era 68%.

Já o consumo de TV por assinatura correspondia a 73% dos entrevistados em 2014. Entre os 68% de assinantes que responderam ao estudo de 2017, as operadoras mais utilizadas são NET (31%), Sky (16%) e Vivo (10%).

Os critérios para a escolha de um serviço de streaming são variados: 76% vão pelo preço e 71% pelo catálogo, enquanto 56% optam por serviços que ofereçam mais lançamentos e conteúdos originais.

Confira a evolução de Streaming X TV Paga entre 2014 e 2017:

Um bom indício de que o estudo sobre um segmento de público vale como termômetro de tendência para o comportamento geral está nos próprios dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Nos cálculos da Anatel, os serviços de TV por assinatura registraram retração de 1,9% entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Isso representou a perda de 364.400 assinantes.

É claro que num cenário econômico mais animador, o crescimento do streaming não precisaria resultar na queda da TV paga. Se a situação do bolso do brasileiro fosse menos dramática, os dois serviços seriam perfeitamente conciliáveis na conta de gastos. Mas, paralelamente a esta questão, temos também uma multiplicação de conteúdos pagos por streaming, o que vai obrigando o espectador a fazer escolhas, tornando quase irreversível a volta do crescimento da TV por assinatura.

Não é por outro motivo que a NET, líder no setor, vem apostando tanto no NOW e em cenas sob demanda, oferecendo vantagens aos montes em pacotes adquiridos com telefonia celular (Claro).

Não é por outro motivo que a HBO acelerou o lançamento da HBO GO no Brasil, dando ao público a opção de ser assinada de modo independente de um pacote de TV por assinatura.

Diretor de marketing do Omelete Group, Marcelo Forlani sabe que a necessidade de reduzir custos, aliada à maior oferta de streaming, tem levado muita gente a questionar se ainda vale a pena pagar por um serviço de TV por assinatura. “O consumidor está cada vez mais exigente e quer conteúdo de qualidade com bom preço. Quando aliamos isso à mudança de cultura e comportamento dos millenials, acostumados a ter o conteúdo on demand, percebemos que o cenário é irreversível”, analisa.

A pesquisa Geek Power foi feita pelo Ibope CONECTA e as coletas foram realizadas no site do Omelete de 8 a 17 de novembro de 2017 com um total de e 9.471 entrevistas. 

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Cristina Padiglione

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