Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Pobre assume identidade de gêmeo rico e gera debate sobre ética em novela

Imagem de Cauã Reymond duplicado nos gêmeos de 'Um Lugar ao Sol' / Reprodução

Enquanto a reprise de “Império” corre na tela, a Globo volta a gravar “Um Lugar ao Sol”, novela que inaugura a presença de Lícia Manzo na faixa das nove. Autora muitas vezes comparada a Manoel Carlos, pela habilidade de abordar questões relevantes por meio de dramas familiares, Lícia também está no ar no pacote de reprises imposto pela pandemia, com “A Vida da Gente”, no horário das 18h.

A história inédita que vem aí é um convite à reflexão sobre cobiça e ética, a partir dos gêmeos Cristian (Cauã Reymond) e Renato (Cauã Reymond), cuja mãe morre durante o nascimento dos dois, que se tornam órfãos. Não me pergunte o que foi feito do pai deles, cujo paradeiro ainda desconheço, mas dado o número de progenitores que abandona filho na vida real, e não só no Brasil, essa é a questão mais fácil de driblar em um enredo ficcional.

Ainda na infância, os meninos serão separados: uma família abastada fica com Renato, deixando Cristian para trás, e ele caminha pela vida com um único laço afetivo substancial: Ravi (Juan Paiva), um rapaz um ano mais novo que ele, com déficit cognitivo, que se tornou seu irmão postiço.

Quando Christian descobre que tem um irmão gêmeo rico, e isso está previsto logo para o primeiro capítulo, muda-se para o Rio de Janeiro, a fim de encontrá-lo, tarefa que se revela dificílima.

Renato vive como um playboy numa área nobre do Rio e passa anos morando fora do Brasil em uma vida de festas, álcool e drogas, enquanto Christian sofre com o subemprego e a pobreza numa favela, apesar de ter um raro talento literário. Durante a infância e adolescência, no abrigo, os livros foram seu refúgio.

Depois de dez anos de busca malsucedida, o destino faz os dois se encontrarem novamente e após uma sequência de acontecimentos surpreendentes ao longo de uma noite, Renato é assassinado no lugar de Christian, que decide assumir a vida rica e privilegiada do irmão. Para isso, ele abandona Lara (Andréia Horta), sua namorada, que acredita que ele morreu, e se casa com Bárbara (Alinne Moraes), a noiva de Renato.

Antes de tomar tal decisão, Christian se mostra um rapaz ambicioso e inconformado com as oportunidades que a vida não lhe deu, mas se envolveu com Lara (Andréia Horta), uma chef de cozinha que tornou a vida dele mais leve. Parece resignado a viver uma vida simples ao lado de seu amor, até que vê a oportunidade de assumir o lugar do irmão por sugestão da noiva dele (Alinne).

Ele consegue dinheiro, sucesso e respeito, mas se perde ao longo do caminho com a nova identidade. Há ainda um certo mistério cercando a morte de Renato.

Entre os temas que circulam em cena, estão dependência química, gordofobia, Síndrome de Down, violência doméstica e ensino na terceira idade.

Denise Fraga viverá uma cantora, Júlia, que não consegue se sustentar de seu ofício, causando no filho, Felipe (Gabriel Leone), também dono de um talento musical, a repressão à música e um pragmatismo alimentado pela avó, Regina Braga (Ana Virginia), que é psicanalista. Felipe estuda psicologia e irá oscilar entre a psicanálise e a música, enquanto media os eternos conflitos entre a mãe sonhadora e a avó pragmática.

O elenco conta ainda com Danton Mello (Matheus), Marieta Severo (Noca, avó de Andréia Horta), Andréa Beltrão (Rebeca), Mariana Lima (Ilana), Daniel Dantas (Túlio), Ana Beatriz Nogueira (Aurora), Maria Flor (Stephany), Fernanda de Freitas (Érica), Marco Ricca (Breno, casado com Ilana), José de Abreu (Santiago), Pathy Dejesus (Ruth), Ju Colombo (Dalva), Cláudia Missura (Lucília), Yara de Novaes (Inácia), Lara Tremouroux (Joyce), Otávio Müller, Ana Baird, Fernando Eiras, Ísio Ghelman, Luiz Serra, Danilo Grangheia, Stella Freitas e Cláudia Mauro. Apresentando, estão Fernanda Marques (Cecília), Indira Nascimento (Janine), Georgina Castro (Thaiane), Nino Batista, Jéssica Lima, Natália Lorrane e Tai Xavier.

Da série de enredos sobre pessoas que assumem a identidade de outras, mortas, podemos lembrar de uma produção bem recente: a série “Mad Men”, produção que coleciona vários prêmios e indicações a Emmy e Globo de Ouro, agora em cartaz no GloboPlay. Não se tratam se irmãos gêmeos nem a história tem algo a ver com esta, mas, evidentemente, quem troca de identidade sempre parece ter muito a ganhar com a decisão de enterrar seu nome de origem.

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Cristina Padiglione

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