Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Por mais diretoras no set, mercado publicitário cria movimento mundial

Diretoras de audiovisual celebram o movimento internacional Free The Bid, já abraçado por grandes agências brasileiras

Se boa parte dos cineastas nasceu e se criou na seara da publicidade, e a carência de mulheres na direção de cinema é latente, por que não mudar esse cenário da indústria cinematográfica a partir da produção de filmes comerciais? Esse é o mote do movimento mundial “FreeTheBid”, que ganha adesão do Brasil, com incentivo da Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais, APRO. O lançamento da ideia foi oficialmente feito durante o painel “A importância do olhar feminino em projetos audiovisuais”, no Whext (What’s Next?), fórum voltado para a produção publicitária no Brasil, promovido pela APRO, esta semana, em São Paulo.

A mesa contou com a participação de Daniele Bibas, Chief Creative & Content Officer da Global Avon; Luisa Bettio, Diretora de planejamento da BOX1824; Emma Reeves, Executive Producer da FreeTheBid; Felipe Luchi, Executive Creative Officer/TBWA, e Rita Moraes, Produtora Los Bragas (irmã de Alice Braga e sobrinha de Sônia Braga), que assumiu ali a condição de moderadora.

É paradoxal que a publicidade tenha tão poucas mulheres no comando de filmes publicitários: apenas 7% das campanhas dos últimos anos foram dirigidas por representantes do sexo feminino, embora a decisão de compra nos lares brasileiros seja justamente da mulher, entre 60 e 70% das vezes.

Há uma prática corrente na indústria de produção de filmes de publicidade que prega que a cada novo filme a ser produzido por uma agência haja uma concorrência entre pelo menos três diretores, de modo que sempre seja garantida a diversidade de talentos à frente dessas obras, havendo um rodízio saudável entre os nomes. No entanto, na esmagadora maioria das vezes, as concorrências são feitas por diretores do sexo masculino.  O que acontece a partir dessa premissa?

Radicado nos Estados Unidos, o publicitário brasileiro PJ Pereira e a produtora executiva Alma Har’el criaram esse movimento, que parte de um princípio simples: as agências se comprometem a, toda vez que forem fazer um “triple bid” de diretores (uma concorrência entre três profissionais), que um deles seja mulher. Isso não se aplica a “single bids”, e nem significa um compromisso em se contratar a diretora. Trata-se apenas de abrir uma chance de conhecer um novo talento e permitir que elas ao menos participem da roda de candidatos.

Espera-se daí que as produtoras de comerciais deem a elas a chance de multiplicar seus portfólios, possando portanto competir em mais pé de igualdade com diretores homens. O projeto rapidamente se espalhou pelo mercado norte-americano, com agências como DDB; BBDO; McCann; R/GA; CP+B; FCB e outras aderindo à causa.

No Brasil, a diretora de filmes publicitários Mari Youssef e a gerente executiva da FilmBrazil, plataforma da APRO, Marianna Souza, são as representantes locais do “FreeTheBid”. As duas já contataram várias agências e clientes para abraçarem a ideia e asseguram que a receptividade tem sido muito boa. África, DM9DDB, FCB, Isobar, Mutato e Publicis são algumas das grandes agências que já aderiram à causa.

 

 

 

 

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Cristina Padiglione

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