Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Por ‘Malhação’, Cao Hamburger leva seu 2º Emmy para casa

Globo/Divulgação

Única temporada de “Malhação” feita em São Paulo, “Viva a Diferença”, de Cao Hamburger, com direção de Paulo Silvestrini, faturou finalmente o Emmy Intenacional Kids para a novela. A franquia já tinha sido indicada quatro vezes ao prêmio, duas delas na categoria digital.

O mérito foi anunciado na MIPTV, evento que acontece em Cannes, na Riviera Francesa, na noite de hoje. “Malhação” derrotou outro título da Globo que concorria ao prêmio: a versão local de “The Voice Kids” na categoria “Reality”.

“Viva a Diferença” derrotou ainda produções da Alemanha, Austrália e Canadá. A temporada vencedora celebrou a diversidade em São Paulo, tendo como fio condutor a história de amizade entre cinco garotas de raízes, vivências e personalidades distintas. A trama acompanhou a vida dessas jovens, que descobriram juntas como pode ser enriquecedor viver, confrontar e celebrar as diferenças.

Não sei das outras produções, mas a criação do Cao foi alvo de muitos confetes da crítica local, sem deixar a peteca da audiência despencar – ao contrário.

Várias questões feministas foram embutidas nesse quinteto feminino, de modo muito delicado, sem panfletagem.

Houve também a bola do ensino público, muito bem levantada pelos roteiristas, de novo sem resvalar em Telecurso e similares, o que conspirava a favor do impacto desses temas sobre a audiência, dentro do que a gente se habituou a tratar como “merchandising social” em produções audiovisuais.

Cao e Silvestrini, autor e diretor artístico da trama, receberam a estatueta em Cannes e falaram sobre os valores explorados pela novela.

“O reconhecimento internacional a esse trabalho é importante para celebrarmos a diversidade da sociedade e da cultura brasileira, nosso maior bem” disse Cao. “Além de nos fazer lembrar de valores essenciais – como respeito e valorização dos direitos humanos, diferenças religiosas, culturais, raciais e de orientação sexual – e da educação pública, único caminho para o desenvolvimento do pais. É também o reconhecimento ao trabalho de alto nivel de todo o elenco e equipe técnica e artística”, destacou.

 

Só para resgatar as indicações anteriores de “Malhação” na categoria digital, foram elas: as temporadas “Seu Lugar no Mundo”, de Emanuel Jacobina e direção geral de Leonardo Nogueira (2017) e “Malhação Sonhos”, de Rosane Svartman e Paulo Halm, com direção de núcleo de José Alvarenga Jr e direção geral de Luiz Henrique Rios. Em 2015, concorreu como melhor “Série”.

Na prateleira do Cao

“Malhação” nunca havia levado um Emmy, mas Cao Hamburger já tem uma estatueta em casa e não é pelo “Castelo Rá-Tim-Bum”, melhor série infantil já feita pela TV brasileira (naquele tempo, nos anos 90, não existia a categoria Kids no Emmy Internacional). O prêmio já conquistado pelo diretor veio em 2014, por “Pedro e Bianca”, ótima série vista pela TV Cultura, que só não foi adiante por falta de verba da Secretaria de Educação do Estado de S. Paulo, que bancou a primeira e única temporada do título. A história também remetia ao ensino público e embutia reflexões bem bacanas sobre racismo, por meio de um casal de irmãos gêmeos em que ela era negra e o menino, branco.

Na prateleira da Globo 

Já a Globo, com este Emmy, acumula 17 vencedores de Emmy. O primeiro foi o de “Personalidade Mundial da Televisão”, recebido por Roberto Marinho, em 1976, prêmio que receberia novamente em 1983. Seu filho Roberto Irineu Marinho recebeu a estatueta em 2014, na mesma categoria. Em 1981, ganhou com o musical “A Arca de Noé” e em, 1982, com “Morte e Vida Severina”.

Em novela a Globo tem sete Emmy: “Caminho das Índias” (2009), “Laços de Sangue”, coprodução com a SIC, exibida em Portugal (2011), “O Astro” (2012), “Lado a Lado” (2013), “Joia Rara” (2014), “Império” (2015) e “Verdades Secretas” (2016).

“A Mulher Invisível” (2012) e “Doce de Mãe” (2015) venceram na categoria Melhor Comedia. Fernanda Montenegro recebeu o prêmio em 2013 como Melhor Atriz por seu papel em “Doce de Mãe”. O Jornalismo recebeu a estatueta em 2011, pela cobertura do “Jornal Nacional” sobre a invasão do Complexo do Alemão no Emmy Internacional de Jornalismo.

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