Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Presidente ‘compra’ deputados no Brasil de 2089, na nova comédia do Multishow

Tripulantes na aeronave Arara 1 buscam um planeta para abrigar os brasileiros, após a venda do país aos chineses

O texto é simples e direto, e seria até um deboche às notícias da política real do momento, se não fossem as próprias notícias desses últimos dias no Brasil uma sucessão de piadas prontas no melhor estilo “rir-para-não-chorar”. “Planeta B”, série de humor que estreia nesta segunda, 10, no Multishow, reproduz alguns diálogos muito próximos dos que têm sido estampados no noticiário, frutos de delações e afins. Um exemplo:

_ Você vai passar na feira e vai comprar 80 deputados e 27 senadores, diz o presidente Jatobá (Welder Rodrigues).
_ E tá em promoção. Você compra 2 e leva 3, responde o assessor do presidente.

Pelo enredo, estamos no Brasil de 2089, quando o País foi vendido para a China, que ocupa o Planalto Central, enquanto 300 milhões de brasileiros acampam nos Lençóis Maranhenses. Lá, são liderados por governantes em um plenário improvisado, onde juízes, presidente e políticos da oposição dividem o mesmo palco. O programa se divide apenas entre esse cenário e o cenário da nave espacial onde o mesmo elenco assume outros personagens em uma missão espacial encomendada pelo presidente Jatobá, para encontrar um planeta em condições de abrigar o povo brasileiro.

A figura de Welder Rodrigues, um dos hits do “Tá no Ar” e do “Zorra”, na Globo, tem peso essencial no efeito provocado pelo texto. Escrachado, ele põe o presidente fictício em duelo apertado com o presidente real de 2017. Retratos de figuras parecidas com Itamar Freitas, FHC, Lula, Dilma e Temer decoram o fundo do cenário do plenário. E vamos saber também que em 2089, o trauma do 7 X 1 tomado da Alemanha ainda não terá sido superado.

Tudo, aliás, continua igual. Fala-se em superfaturamento na construção de estádios para uma outra Copa do Mundo, os europeus são tratados com a deferência de quem honra compromissos (ao contrário de nós, latino-americanos), o presidente e o congresso driblam a Constituição, e outras semelhanças mais.

Na certeza de que uma tragédia vista com distanciamento pode ter uma leitura divertida, o público há de rir.

Embora Welder seja figura já conhecida e amada pela plateia de TV, o programa representa a estreia na TV da companhia de teatro “Os Melhores do Mundo”. O time é fechado por Adriana Nunes, Joyane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal, além de Welder. Ester Dias entra em cena como a alienígena Lia, capturada pelos integrantes da espaçonave Arara 1, e a cantora e atriz Manu Gavassi faz participação especial na série.

Gravado em 4K (tecnologia de altíssima definição de imagens, pela primeira vez utilizada em uma produção para os canais Globosat), “Planeta B” tem concepção de César Rodrigues e Jovane Nunes, que também assina o roteiro ao lado de Victor Leal. São 24 episódios, no ar de segunda a sábado, na faixa das 22h30, com direção de César Rodrigues e realização da produtora A Fábrica.

“Na nave eu faço o android SebastiBorg, baseado no Data do Star Trek e também nos robôs de Star Wars, é um clichê”, explica Welder. “A diferença é que ele é paraguaio, foi comprado mais barato numa licitação por conta de economia. Na Terra sou o Presidente Jatobá, que nada mais é do que uma síntese do mau governo. Está pouquíssimo interessado em projetos coletivos, pois visa somente negócios pessoais e lucrativos. Infelizmente uma crítica ao padrão que estamos cada vez mais vendo no nosso país atualmente”, completa.

Planeta B
24 episódios de 40 minutos (conteúdo, sem intervalo) cada
No ar de segunda a sábado, às 22h30, disponível para assinantes no Multishow Play, plataforma de video sob demanda do canal, via internet.

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Cristina Padiglione

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