Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Prestes a ser má na TV, Isabel Teixeira dirige reestreia de espetáculo com Regina Braga

Regina Braga e Isabel Teixeira no Instituto Tomie Ohtake. Foto: Roberto Setton/Divulgação

Antes de se jogar novamente no set de novelas para ser a malvada do remake de “Elas Por Elas”, texto adaptado por Thereza Falcão e Alessandro Marson a partir do original de Cassiano Gabus Mendes, Isabel Teixeira retoma, a partir desta sexta-feira (2) o espetáculo “São Paulo”, com Regina Braga em cena.

A peça, um tributo à cidade, lotou o Teatro Unimed em temporada realizada no início de 2022, e agora chega agora ao Instituto Tomie Ohtake com novos relatos da protagonista sobre São Paulo e corroborando uma longa parceria entre as duas.

“Somos amigas há mutios anos”, atesta Regina. “O primeiro trabalho que nós fizemos juntas foi um espetaculo chamado ‘A Dúvida’, uma peça americana que era um grande sucesso na Broadway e foi montada aqui pelo Bruno Barreto, e nós contracemamos. Desde então, nós ficamos muito amigas e muito próximas profissionamente.”

“Nessa época”, segue Regina, “eu já falava pra Bel que eu queria fazer ume espetáculo teatral sobre São Paulo, e nós conversamos muito, ela ouvia as minhas ideias e isso me dava um incentivo enorme de continuar pesquisando, lendo e sonhando com esse espetáculo.”

Regina Braga em preparação para entrar em cena. Foto: Lenise Pinheiro

As duas se uniriam ainda em outros trabalhos, como “Desarticulações”, que nasceu a partir de uma leitura com Regina, vista por Bel, no Instituto Moreira Salles, de um texto argentino. A seguir, veio nova parceria com um espetáculo que Regina considera “muito forte” para ela, “Agora eu vou ficar bonita”, feito inclusivo com os músicos que a acompanham agora em “São Paulo”. A peça foi baseada em um texto que Drauzio Varella, seu marido, a ajudou a elaborar, sobre a velhice. “Foi uma delícia”, conta à coluna.

“A Bel é uma grande diretora. Ela tem essa delicadeza na escuta, e além de diretora, ela é uma grande artista plástica, ela é uma escritora, ela é uma professora, é uma cantora, é uma atriz maravilho9sa. Agora, como diretora, ela é muito especial. Ela trabalha de um jejto que ela chama de ‘escrita em cena’, em que você vai grudando os ganchos do que quer dizer e tem a sensação de que está escrevendo tudo e que tudo está vindo com a maior facilidade.”

Premiada como melhor atriz de TV do ano passado pela Associação Paulista dos Críticos de Artes, a APCA, pela Maria Bruaca de “Pantanal”, Isabel Teixeira tem uma qualidade rara, e por isso tão preciosa, para os dias atuais: escuta. “Em ‘São Paulo’, o trabalho dela é muito delicado, porque foi totalmente a partir da escuta e de textos de outras pessoas que esse espetáculo foi construiído, eu sinto que nós tivemos uma parceria que não foi do tipo ‘uma escreve e a outra dirige’, foi tudo misturado o tempo todo”, assegura Regina, que diz sentir a presença da diretora o tempo todo quando está em cena.

“É uma felicidade esse encontro, e continuaremos juntas.”

Isabel, que ainda não começou a gravar “Elas Por Elas”, novela prevista para suceder “Amor Perfeito”, na faixa das 18h30 na Globo, retribui a torcida pela parceira e amiga: “Eu sonho em continuar sonhando com Regina. A gente sonha juntas e o sonho se realiza! Parece mágica, mas é trabalho. Na televisão, no teatro e na vida, o importante é a gente seguir juntas.”

Regina Braga com os músicos em cena de ‘São Paulo’ / Divulgação

SONHO FELIZ DE CIDADE

Em “São Paulo”, Regina passeia pela Estação da Sorocabana (hoje estação Júlio Prestes), os  casarões da Avenida Angélica, os rios subterrâneos e retificados, teatros como o Maria Della Costa, o Arena e o Oficina e a Escola de Arte Dramática, que funcionava onde hoje é a Pinacoteca, o Ferros Bar, o Gigetto e toda a rua Avanhandava. O afeto vai dos cartões postais às pessoas, com boas lembranças de Raul Cortez, Paulo José, Alfredo Mesquita, Plínio Marcos, Paulo Autran, Dina Sfat e tantos outros.

Traz o relato do Padre José de Anchieta sobre subir a serra do mar (a pé), a visão poética de Itamar Assumpção sobre o Rio Tietê, a reflexão de Drauzio Varella sobre os passarinhos que, mesmo podendo voar, insistem em morar na cidade, e textos de José Miguel Wisnik, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Paulo Prado, Castro Alves, Paulo Caruso, Guilherme de Almeida, Plínio Marcos, José Ramos Tinhorão, Alcântara Machado, Manuel Bandeira, German Lorca, Frei Gaspar da Madre de Deus, Carlos Augusto Calil, Paulo Bonfim, Stefan Zweig e Pedro Corrêa do Lago.

Tudo é costurado a um repertório musical que inclui “São Paulo, Chapadão da Glória” (Silas de Oliveira e Joaci Santana), “Samba Abstrato” (Paulo Vanzolini), “Viaduto de Santa Efigênia” (Adoniran Barbosa), “O Mundo” (André Abujamra), “No Sumaré” (Chico César), “Vira” (Renato Teixeira) e “Persigo São Paulo” (Itamar Assumpção), entre outras, com performance ao vivo da banda que acompanha a atriz em cena.

Reunidos em volta da grande mesa que ocupa o palco, estão Xeina Barros (voz e percussão), Alfredo Castro (voz e percussão), Vitor Casagrande (voz, cavaquinho e bandolim) e Gustavo de Mediros / Guilherme Girardi (voz e violão).

O espetáculo nasceu a partir da leitura que Regina fez do livro “A Capital da Solidão”, de Roberto Pompeu de Toledo, seguida de longa pesquisa.

Estreia nesta sexta, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

Vai lá.

Complexo Aché Cultural (Rua Coropés, 88 – Pinheiros, São Paulo – SP)
Curta temporada: de 02 a 25 de junho de 2023
Sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h.
Inteira R$ 50 (inteira) e R$25 (meia-entrada)

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione