Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Secreto há seis anos, documentário inédito sobre Silvio Santos vai ao ar domingo

Silvio Santos em três etapas. Fotos: Divulgação

Agora vai.

O SBT colocou no ar as primeiras chamadas anunciando para este domingo, Dia dos Pais, a exibição do documentário que Leonor Corrêa produziu e dirigiu em 2015 em tributo aos 85 anos de Silvio Santos.

Exibido em circuito interno –a casa do próprio empresário– apenas para a família, no aniversário da ocasião, o filme permanece inédito porque Senor Abravanel considerava muito cabotino exibir em sua própria emissora uma homenagem a ele mesmo.

Agora, no entanto, o doc ganha outro status: será levado ao ar como pretexto pelos 40 anos do SBT, cujo rosto principal não é outro senão o do documentado na produção.

Com apresentação de Marília Gabriela, a edição narra toda a história de Silvio Santos, desde a infância até a glória como empresário, passando pelo garoto que se descobriu bom vendedor ao atuar como camelô que comercializava capinhas para título de eleitor.

Até por isso, a trajetória tem insights de dramaturgia, com reconstituição de várias passagens da vida do Homem do Baú.

Amigos, conhecidos e autoridades falam sobre o empresário e o animador, incluindo gente que não está mais entre nós, como Gugu Liberato, seu maior discípulo na arte de comandar um auditório de TV.

Lá estarão ainda depoimentos de Wagner Montes, que morreu em 2020, e Orlando Macrini, morto em 2016, que foi diretor dos programas do patrão por anos a fio e trabalhou com ele durante 41 anos. Marcelo Rezende, morto em 2017, também está no documentário.

A edição conta ainda com depoimento de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que foi a autoridade máxima da Globo, apenas abaixo de Roberto Marinho, durante pelo menos duas décadas, e já era um dos nomes da cúpula da emissora quando a TV Paulista, onde Silvio Santos locava horário aos domingos, foi comprada pela Globo.

Edir Macedo, dono da Record, também está no documentário, além de Ivete Sangalo e Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, ainda governador na ocasião da gravação, que relata sobre seu envolvimento no sequestro de que Silvio Santos foi vítima em setembro de 2001, dentro de sua casa, no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo.

Como disseram William Bonner e Fátima Bernardes na edição do Jornal Nacional daquele dia, nem os mais criativos roteiristas de ficção escreveriam um roteiro tão improvável como o que resultou na invasão à casa do empresário, no Morumbi, por Fernando Dutra Pinto, um dos sequestradores de Patrícia Abravanel, liberada dias antes do cativeiro.

O aniversário do SBT é 19 de agosto. Nesta data, em 1981, entrava no ar a TVS canal 4 de São Paulo, concessão do canal herdado da falência da TV Tupi. A licença foi dada a Senor Abravanel pelo então presidente João Figueiredo, cuja mulher, dona Dulce, era fã do Homem do Baú.

É por essa associação, que vincula a concessão da TVS, rebatizada como SBT quando se tornou rede, à simpatia de uma primeira-dama, que nascia ali um dos clássicos da emissora: A Semana do Presidente. Narrada pelo locutor Lombardi, voz oficial dos programas de Silvio até 2009, quando morreu, a edição dominical sempre enumerava as tarefas realizadas pelo chefe da nação ao longo da semana anterior, em tom bajulatório.

A agenda semanal acabou no primeiro governo Lula, mas tem ressurgido, sem vinheta mesmo, em edições que enaltecem inaugurações e motociatas de Jair Bolsonaro nos intervalos da programação.

Na conotação atual, a habitual subserviência de Silvio ao presidente da República é amarrada por laços com os quais ele nem sonhava há quatro décadas, graças à presença de um genro, Fábio Faria, na cadeira do ministério de maior interesse para ele, no caso, o das Comunicações.

Como a produção foi feita em 2015, nada disso estará em cena, mas há uma expectativa para ver se um depoimento de Bolsonaro para o filme foi gravado recentemente, já que a produção ouviu Dilma Rousseff, presidenta à época da produção, e os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso.

Se esse adendo foi registrado, isso ocorreu por outras mãos que não as da diretora, hoje contratada pela Band para comandar os quadros do futuro programa de Fausto Silva, seu irmão.

No mais, vamos sorrir e cantar, como diz a trilha sonora do homem, porque da vida não se leva nada e Silvio ainda faz questão de se divertir no trabalho.

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Cristina Padiglione

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