Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Queiroz cai na boca de Rolando Lero na nova temporada da ‘Escolinha’

Marcelo Adnet como Rolando Lero, alguém que não sabe quem foi Eçã de Queiroz, mas sabe quem é "o Queiroz"/Reprodução

Ex-motorista da família Bolsonaro e responsável por depósitos nas contas do hoje senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente da república, o Queiroz caiu nas graças de Rolando Lero, famoso aluno truqueiro do professor Raimundo. Personagem da “Escolinha – Nova Geração” vivido por Marcelo Adnet, com base no original, interpretado pelo saudoso Rogério Cardoso, o aluno cita Queiroz nesta nova temporada do humorístico, que acaba de estrear no canal Viva e chega à Globo no próximo dia 28.

Perguntado pelo professor Raimundo (Bruno Mazzeo) sobre Eça de Queiroz, o escritor português (como ao final saberemos pelos vereditos do bom aluno Seu Ptolomeu/Otaviano Costa), Rolando Lero descreve ações do ex-funcionário da família Bolsonaro, cujo paradeiro a polícia desconhece há meses e meses.

“Me diga quem foi Eça de Queiroz”, pede o mestre Raimundo.

“Ah, o Queiroz”, responde Lero. “Quem nunca ouviu dizer do Queiroz? Quem nunca ouviu falar do Queiroz? O Queiroz, sempre metido nuns rolos, mas ele sabia fazer dinheiro,o danado, sempre sumido. Sua especialidade era compra e venda de carros usados. É verdade que quando o pessoal pesquisava um pouquinho apareciam uns podres, uns saques, um depósito suspeito aqui e ali, mas, no final das contas, todo mundo deixava pra lá dizendo: ‘essa é do Queiroz’. Daí o apelido Eça, compreendeu?”

“Estamos falando do Queiroz dos Maias”, rebate Raimundo.

“Ah, os Maias, ali de São Conrado”…

A piada segue, e não vou aqui relatar toda ela porque não teria graça entregar o texto de Mazzeo e Adnet, que vale a pena ser visto, principalmente porque o desfecho do bordão entre Raimundo e Lero foge à regra (e à usual nota zero), o que só engrandece a genialidade da coisa.

Convém notar como o humor que vive do factual tem encontrado no descaso de algumas questões um prolongado prazo de validade. Um programa como a “Escolinha – Nova Geração”, gravado com antecedência de dois meses, pelo menos, pode se dar ao luxo de fazer piadas sobre fatos que sabidamente não terão sido resolvidos quando forem ao ar. A morosidade em solucionar determinados episódios tem dado ao universo das anedotas uma flexibilidade longe da lógica.

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Cristina Padiglione

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