Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Questão ocorrida nos bastidores da Globo, assédio sexual ganha espaço na novela das nove

Nanda Costa na festa de lançamento da novela 'Segundo Sol'. Foto de Paulo Belote/Divulgação

Assunto que rendeu até o afastamento de um dos mais requisitados atores da TV – José Mayer – o assédio sexual será abordado em “Segundo Sol”, novela das nove que estreia amanhã, na Globo, por meio da personagem de Nanda Costa.

Maura será uma policial assediada por seu chefe, o delegado, o que dá a essa situação tintas bem mais fortes, como convém à dramaturgia. Afinal, estamos falando de uma corporação de caráter altamente machista. Some a isso a questão hierárquica que rege o ambiente policial, onde qualquer queixa de subalterno, por esse ou qualquer outro motivo, enfrenta uma sucessão de barreiras que quase sempre faz a corda arrebentar para o lado mais fraco.

Não deixa de ser corajoso que a Globo coloque isso em cena. Além da questão de Mayer, a emissora, como vitrine maior da fama, sempre esteve suscetível a essa questão em seus bastidores, por se tratar de um ambiente onde beleza, poder e cobiça pela fama trafegam em abundância.

Só para relembrar o caso de Mayer, ele foi acusado pela figurinista Su Tonani de assediá-la sexualmente, segundo relato feito ao blog “Agora é que São Elas”, da Folha de S.Paulo. Mayer reagiu com um pedido de desculpas em nota distribuída à imprensa e nenhum dos dois jamais deu qualquer entrevista sobre o assunto – ela tampouco registrou queixa na polícia. Desde então, ele está afastado de novas produções.

“A Maura será assediada no ambiente de trabalho, pelo chefe, que é o delegado”, conta João Emanuel Carneiro ao TelePadi, antecipando um ponto que pode servir à trama para a reflexão sobre o tema. Ator baiano que esteve em “Velho Chico”, Carlos Betão faz o papel do delegado.

Ator baiano Carlos Betão faz o delegado

Assédio sexual foi assunto foi altamente debatido no último ano após uma série de denúncias da indústria do cinema hollywoodiano que só agora vieram à tona, em especial sobre o produtor Harvey Weinstein, que trocava papéis em grandes produções por favores sexuais de super estrelas do cinema.

Kevin Spacey foi outro alvo do tema, ao ser acusado por Anthony Rapp de assédio e depois, por uma série de outros homens, pelo mesmo motivo, o que o fez perder o papel central da primeira série original da Netflix, “House of Cards”, e o protagonista do filme “Gore”, na época já em fase de filmagem.

O consolo de Mayer e da própria Globo é que no caso de Mayer, diferentemente de Weintein e de Spacey, Su Tonani foi denúncia única. Não houve uma fila de mulheres a acusá-lo da mesma prática. No máximo, a atriz Letícia Sabatella comentou que “o Zé não toma jeito”, sugerindo que o ator já tivesse dado sinais desse comportamento anteriormente.

E assim ficamos. A novela, mais uma vez, imita a vida, e agora, com bastante proximidade de seus bastidores.

A direção artística de “Segundo Sol” é de Dennis Carvalho, com direção-geral de Maria de Médicis.

 

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Cristina Padiglione

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