Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Relatos de presas na ditadura fazem ‘Torre das Donzelas’, já em cartaz

Dilma Rousseff relembra os dias na prisão em Torre das Donzelas/Reprodução

A diretora Susanna Lira revisitou a Torre das Donzelas, no Presídio de Tiradentes, em São Paulo, local que abrigou um presídio feminino durante a ditadura militar, e ouviu lá mesmo boa parte das personagens que habitaram o recinto naqueles dias de chumbo. Pena que uma delas estivesse tão ocupada que não tenha tido a chance de ir ao cenário original, mas nem por isso a ex-presidente Dilma Rousseff, entrevistada por Susanna na tumultuada temporada pré-impeachment, deixou de gravar seu testemunho.

Após participar de mostras e festivais no Brasil e no exterior, “Torre das Donzelas” chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta (19) em circuito nacional de cinema e vale muito a pena ser visto nesses tempos em que presidente da República homenageia torturador e ditador. O filme reconstitui a prisão de mulheres durante a ditadura militar muito mais pelo aspecto humano do que ideológico, resgatando a convivência entre aquelas detentas e revelando, em meio à tristeza, episódios que vistos a distância até ganham leveza e algum humor.

Até para o atuoconhecimento sexual de algumas delas aqueles dias serviu, em uma época que ainda prezava pela alta repressão às mulheres. Coisas simples, como ver a própria genitália por meio de um espelhinho e permitir-se o toque e algum domínio de território fizeram parte dos aprendizados trocados entre elas, muitas delas mães distantes de seus filhos.

Alinhavando testemunhos, imagens do presídio e histórias de cada uma, a diretora constrói um delicado mosaico daquele contexto, “Torre das Donzelas” diz muito sobre nossa história.Elei

Vencedor dos prêmios de Melhor Direção de Documentário e Melhor Documentário pelos júris oficial e popular no Festival do Rio, de Melhor Filme pelo júri popular na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e do Prêmio Especial do Júri no Festival de Brasília, ‘Torre das Donzelas” se aventura pelo campo experimental do documentário de reinvenção, tomando como referência algumas ferramentas do
psicodrama, articuladas num jogo de reconstrução cênica com o apoio de uma instalação de arte semelhante ao ambiente da prisão.

Além de Dilma, também participam do longa-documentário Ana Bursztyn-Miranda, Maria Aparecida Costa, Rita Sipahi, Rioco Kayano, Rose Nogueira, Elza Lobo, Dulce Maia, Nair Benedicto, Leslie Beloque, Eva Teresa Skazufka, Robêni Baptista da Costa, Guida Amaral, Marlene Soccas, Maria Luiza Belloque, Nair Yumiko Kobashi, Ieda Akselrud Seixas, Lenira Machado, Ana Mércia, Ilda Martins da Silva, Iara Glória Areias Prado, Ana Maria Aratangy, Darci Miyaki, Vilma Barban, Telinha Pimenta, Sirlene Bendazzoli, Nadja Leite, Leane Ferreira de lmeida, Maria Aparecida dos Santos, Lucia Salvia Coelho e Janice Theodoro da Silva.

SINOPSE
Há desejos que nem a prisão e nem a tortura inibem: liberdade e justiça. Há razões que nos mantêm íntegros mesmo em situações extremas de dor e humilhação: a amizade e a solidariedade. O filme traz relatos inéditos da ex-presidente Dilma Rousseff e de suas ex-companheiras de cela do Presídio Tiradentes em São Paulo. Torre das Donzelas é um exercício coletivo de memória feito por mulheres que acreditam que resistir ainda é o único modo de se manter livre.

 

COTAÇÃO * * * Muito Bom

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