Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Ricardo Lessa estreia no ‘Roda Viva’ sem entrevistado: será o 3º debate em 4 edições

Ricardo Lessa apresentou o Roda Viva entre 2017 e 2018 / Divulgação

Nesta segunda-feira, dia 9, pela terceira vez em quatro edições, o “Roda Viva” seguirá o modelo de um programa de debates, sem entrevistado no centro da roda.

O tema da vez, que inaugura a gestão de Ricardo Lessa como mediador do programa, será “o atual momento político e judiciário brasileiro”, em função das sucessivas tentativas dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de evitar sua prisão e da ordem do juiz Sérgio Moro para prendê-lo.

Ao menos desta vez, o assunto está na pauta do dia, diferentemente de três semanas atrás, quando o programa realizou um debate sobre a situação econômica do país, enquanto só se falava na execução da vereadora do Rio Mariele Franco. Temperatura mais fria, impossível.

O grande charme do “Roda Viva” está no seu cenário, uma arena que distribui jornalistas em um círculo (antigamente, eram dois andares de círculos), com um entrevistado no centro da roda, em nível fisicamente inferior aos de seus entrevistadores – que podem se transformar em inquisidores ou bajuladores, dependendo do protagonista convidado.

Dois andares repletos de jornalistas dominaram primórdios do programa

Programas de debate na TV, há outros. Programas de entrevistas, nem se fala. O diferencial do tradicional título da TV Cultura é justamente promover uma entrevista que provoque debate, em razão da presença de outros perguntadores presentes. O “Canal Livre”, da Band, também cumpre esse papel, mas a conversa em torno de uma mesa, como acontece na rede dos Saad, é de um impacto muito menor do que o efeito alcançado na arena do canal público.

Tanto assim, que em 2011, quando Marília Gabriela apresentou o programa, tentaram reinventar a ‘Roda’ com um belo cenário, mas que se aproximava mais do “Canal Livre” do que de um “Roda Viva”. Durou um ano e a arena foi retomada.

Na era de Marília Gabriela, tentaram a reinvenção da ‘Roda’

Insistir nos debates temáticos, sem entrevistados, é matar o foco da “Roda” e denota sinal de preguiça em conseguir um bom entrevistado sobre o assunto desejado. É muito mais fácil reunir meia dúzia de jornalistas do que um entrevistado relevante, que gere repercussão e prestígio para o programa. A única entrevista nessas últimas quatro edições foi justamente a de Sérgio Moro, despedida de Augusto Nunes do programa e recorde de audiência do título em 18 anos.

Afora o fato de o juiz ter sido um entrevistado inédito, que nunca havia dado uma entrevista para um canal de TV, em um momento crucial, é notório que todas as edições do “Roda Viva” de grande repercussão tiveram o seu entrevistado definido no centro. Ninguém se lembra do blá-blá-blá engatado por rodas de jornalistas em torno do nada, por mais importância que tivesse o tema discutido naquele momento.

Vamos aguardar agora pelo primeiro entrevistado de Lessa à frente do programa e tomar a estreia como mero aquecimento de seu novo papel.

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Cristina Padiglione

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