Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

‘Segundo Sol’ queima munição em alta velocidade: Luzia se revela ao filho

Luzia (Gioanna Antonelli) se revela para Ícaro (Chay Suede), para desespero de Cacau (Fabíula Nascimento). Foto de Estevam Avellar/Divulgação

Em mais uma prova de que não tem medo de queimar cartuchos quase todo dia, João Emanuel Carneiro reserva para o capítulo deste sábado, em “Segundo Sol”, o início da cena em que Luzia (Giovanna Antonelli) se revela a Ícaro (Chay Suede) como sua mãe.

É louvável ver como o autor acelera a revelação de acontecimentos de suas histórias. Quando “Avenida Brasil” se fez notar, desde o seu primeiro capítulo, um público habituado a ser enrolado por cento e tantos episódios se espantou com a capacidade de João Emanuel em ir derrubando obstáculos frequentemente para o desenvolvimento da trama.

O feito inspirou outros dramaturgos a buscar um ritmo mais veloz em seus folhetins, mas o sucesso de Carminha & cia. não surgiu de modo isolado. Há muito já se falava na necessidade de contemplar uma plateia bem mais inquieta, que já não se acomoda com uma tela só, e muito menos com um único canal no desenfreado zapping composto por tantas opções. E o êxito daquela narrativa endossou a urgência de se agilizar o ritmo das novelas, esses enredos tão longos.

Alguns dramaturgos, no entanto, entenderam tal necessidade como um meio de promover acontecimentos bombásticos toda semana, sem no entanto levar a história para frente. São narrativas que parecem estar aceleradas, mas a velocidade se dá em círculos e, quando você, espectador, se dá conta, o negócio vai e volta para o mesmo lugar, sem avançar.

Aí é que mora a genialidade da narrativa de “Segundo Sol”, pelo menos até aqui. A novela não se dá em looping, ela vai de fato derrubando obstáculos sem voltar a pontos passados. Tem lá suas curvas, claro,  mas segue adiante. Luzia, por exemplo, reencontrou Miguel (Emílio Dantas) e uma possível cilada de Karola (Deborah Secco) separou novamente o casal. De todo modo, a mocinha já ficou sabendo que o mocinho não morreu e que ele é, na verdade, o “morto” Beto Falcão. Mesmo quando faz um vaivém, a história não anda para trás, não enrola o público, ao contrário.

Há, notadamente, uma disposição em criar novos ganchos e empecilhos para chegar até o grand finale, e é essa a grande maestria do autor, que vem se dando muito bem em audiência – mesmo enfrentando o fim de uma novela bíblica na Record, “Apocalipse”, e o início de mais um folhetim infantil no SBT, com índices superiores ao habitual.

Melhor que isso é saber que algumas propostas de reflexão muito úteis caminham junto com esse ritmo e o acolhimento do público, sem falar no delicioso canto do sotaque baiano, em interpretações que dão gosto de ver TV, como Letícia Colin.

Vamos ao capítulo do dia

Luzia passa o dia com Cacau (Fabíula Nascimento) para tentar distrair a cabeça. Depois de fazer uma faxina na casa da irmã, ela se recolhe para tomar banho. Nesse momento, Ícaro surge para a surpresa de sua tia. Desconfiado de que Luzia possa ser Silvia, a cliente que tanto tentou lhe agradar, ele pede para ver uma fotografia da mãe. Aflita, Cacau diz que não tem e questiona o motivo do pedido. Ícaro, então, conta que tem quase certeza de que Luzia se passou por outra pessoa para chegar até ele. Cacau tenta despistá-lo, mas, num ato de coragem, Luzia aparece e se revela para o filho.
Ícaro fica irado, e numa sequência de acusações, expõe a mágoa que guardou por tanto tempo. O xodó de Laureta (Adriana Esteves) culpa a mãe pela morte do pai e busca uma explicação para o doloroso abandono. Luzia se defende, em vão. Cacau também tenta ajudar a irmã, mas Ícaro a julga como cúmplice. A DJ justifica que não teve culpa pela morte de Edilei (Paulo Borges), argumentando ter sido vítima da armação de Laureta e Karola (Deborah Secco). Ela relata que, na cadeia, foi jurada de morte e, por isso, não poderia permanecer ali. Luzia conta ainda que, mesmo distante, procurava saber dos filhos. Mesmo assim, Ícaro diz confiar mais na cafetina do que na própria mãe, se mostrando totalmente cego de raiva e com verdadeiro repúdio a Luzia.
Destruída, a DJ se declara para o filho, tentando se aproximar e mostrar o amor que sente por ele. No entanto, o jovem a repele e pega o celular, ameaçando chamar a polícia. Cacau, imediatamente, toma o telefone das mãos do sobrinho e manda que a irmã vá embora depressa. Luzia sai, aos prantos, enquanto Ícaro, num misto de sentimentos, grita e coloca para fora todo o ódio que sente.
“A novela tem muita emoção e cenas intensas cheias de significados. Esse momento é um dos maiores sonhos da Luzia”, conta Giovanna Antonelli. “O encontro com a mãe é um grande divisor de águas na vida do Ícaro, na maneira de se relacionar com os outros. Acho que por mais turbulento que tenha sido, cura uma série de feridas abertas na vida dele. É uma grande sessão de terapia acumulada, resolvida num único encontro”, avalia Chay Suede.

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Cristina Padiglione

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