Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Série do canal History, ‘Mil Dias’ narra a gincana desumana dos operários que ergueram Brasília

Quando se fala na construção de Brasília, o foco sempre se volta para Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Juscelino Kubitschek, que mandou erguer tudo aquilo. Mal se tem noção do perrengue enfrentado por operários, engenheiros e quem mais participou da grande obra, ordenada para ser concluída em apenas mil dias, e menos ainda dos cadáveres que ficaram pelo caminho para que o prazo estabelecido por JK fosse cumprido.

“Mil Dias – A Saga da Construção de Brasília” batiza o docudrama produzido pela Cinegroup para o canal History, que põe o título no ar a partir do dia 22, aniversário do Descobrimento do Brasil. Mas como o aniversário da cidade construída para ser capital do país é na véspera, 21 de abril, o canal fará uma pré-estreia da série bem no dia em que o Distrito Federal celebrar seus 58 anos, às 19h (confira os horários e episódios abaixo).

São quatro episódios que desglamourizam toda a celebração arquitetônica que normalmente se faz em torno da construção de Brasília. Colocar aquilo de pé, no meio do nada, como um deserto em pleno Planalto Central, não foi nada bonito. Assim, deixe os aplausos para quando o negócio estiver pronto, mas durma com o barulho do transtorno que a obra toda causou em muita gente que deixou família e mudou de vida para construir a cidade.

O primeiro episódio mereceu uma exibição durante Rio Creative Conference (R2C), evento de audiovisual que tomou a Cidade das Artes, no Rio, semana passada. Cenas de dramaturgia são misturadas a depoimentos e documentos reais, fruto de uma extensa pesquisa que envolveu jornalistas, arquitetos, historiadores, antropólogos e cientistas. A pressão pelo prazo estabelecido atinge engenheiros, topógrafos e operários, que tomam uma espécie de rebite, como hoje fazem os caminhoneiros, para afastar o sono mal honrado, tamanho era o volume de trabalho a cumprir.

“É emocionante contar essa saga do ponto de vista das pessoas, vindas de várias regiões do país e que foram para lá colocar a mão na
massa, dispostas a encarar e vencer desafios, movidas pela esperança de um país melhor”, diz a diretora de Conteúdo Nacional do History, Krishna Mahon.

O eixo central do relato se dá por meio de cinco personagens ficcionais, de diferentes profissões e origens, que representam a gama de trabalhadores envolvidos no processo. A direção é de Fernando Honesko, que também dirigiu a série “Gigantes do Brasil” para o History.

No elenco, tem Rodrigo Garcia (“O Hipnotizador” e “Onde Nascem os Fortes”), Bruno Bellarmino (“Supermax”, “Carcereiros”), Renata Calmon (“Cúmplices de um Resgate”, “Os Amores de Vera”), Paulo Roque (“Entreturnos”, “O Homem do Futuro”) e Iuri Saraiva (“A Noite Por Testemunha”).

A seguir, a sinopse dos quatro episódios:

Episódio 1 – 21/4, 19h e 22/4, 23h35 – O sonho: Transferir a capital para o interior do País é uma missão impossível em todos os campos. O topógrafo Heitor (Bruno Bellarmino) acredita no sonho de JK e deixa o Rio de Janeiro para demarcar a área da nova capital. Ao chegar ao Cerrado, percebe que os desafios que deverá enfrentar são infinitamente maiores do que o imaginado.

Episódio 2 – 29/4, 23h35 – O Plano Piloto: O primeiro round da batalha política para a transferência da capital foi vencida, agora a luta é no canteiro de obras. Mauro (Rodrigo Garcia), engenheiro pernambucano, tem a missão de iniciar as obras do Plano Piloto, um dos mais complexos projetos de engenharia do século XX. Correndo contra o tempo, sem estradas, nem material adequado, o pioneiro terá de
encontrar soluções desbravando o Cerrado e lidando com o seu clima cruel, impondo-se sobre a natureza e os homens ao seu redor.

Episódio 3 – 6/5, 23h35 – O nascimento da cidade utópica: Nem mesmo a enxurrada de críticas plantadas pela oposição nos jornais diminui o empenho dos que acreditam na utopia do Presidente Bossa Nova. A cidade inventada começa a sair do papel. Gilda (Renata Calmon), arquiteta da equipe de Oscar Niemeyer, se une aos outros pioneiros na batalha da construção, enfrentando a falta de recursos
e o machismo, para garantir a perfeição das formas da cidade modernista.

Gilda, uma arquiteta em meio a um exército de profissionais masculinos

Episódio 4 – 13/5, 23h35 – Brasília: Migrantes de todas as partes chegam à nova capital que se ergue no Planalto Central. Fugindo da seca, migrantes como Domingos (Paulo Roque) trabalham noite e dia na construção da Cidade da Esperança;, sonhando em serem por ela acolhidos. Na data de inauguração, uma onda de fervoroso otimismo toma o país. Nem mesmo a ferrenha oposição consegue nublar a alegria geral, pois o que parecia impossível torna-se realidade: Brasília está pronta.

 

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Cristina Padiglione

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