Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Série sobre o bicentenário, ‘Independências’ é ‘atual, não de época’, diz diretor

Antônio Fagundes como D. João 6º e Ilana Kaplan como Carlota Joaquina / Divulgação

Embora a bela imagem que ilustra este texto esteja centrada em algumas das figuras mais conhecidas dos relatos sobre a Independência do Brasil, a saber, D. João 6º (Antônio Fagundes) e Carlota Joaquina (Ilana Kaplan), a minissérie “Independências”, obra de Luiz Fernando Carvalho para a TV Cultura, pretende jogar luz sobre personagens pouco evidenciados na historiografia do episódio.

“Eu talvez possa afirmar que se trata de um trabalho atual, não de época. Nosso presente está repleto de passado. Me parece fundamental fazermos essa ponte entre nossas fundações e os desdobramentos que ocorreram nos séculos seguintes”, diz o diretor, em comunicado distribuído à imprensa. “O século 19 foi um período estrutural, iniciando avanços e tragédias com as quais lidamos até hoje. A história do Brasil sempre nos foi contada de forma romantizada, quando, na verdade, é trágica, bárbara, marcada por golpes e genocídios que precisam ser iluminados.”

A produção tem estreia marcada para 7 de setembro, quando o Brasil celebra o bicentenário do Grito no Ipiranga, agora com direito a uma releitura repleta de olhares inéditos para a maioria dos brasileiros.

Em 16 capítulos, a minissérie foi desenvolvida por Luiz Fernando em parceria com o dramaturgo Luís Alberto de Abreu, com quem o diretor trabalhou em “Hoje é Dia de Maria”, “Capitu” e “A Pedra do Reino”, entre outras. O projeto foi escrito por Luis Alberto, com roteiro de Paulo Garfunkel, Alex Moletta e Melina Dalboni. A equipe de colaboradores foi composta por Kaká Werá Djecupé, Ynaê Lopes dos Santos, Cidinha da Silva e Tiganá Santana. A tradução para o Kimbundu ficou a cargo do Professor Niyi Monanzambi (UFBA).

A nova produção promete valorizar o papel feminino no episódio, a começar pela participação de Leopoldina, peça central no processo da Independência. Conheceremos também Maria Felipa, cuja participação foi referencial na luta pela independência da Bahia, e o Padre José Maurício, maestro negro da Corte Imperial, ausente dos registros tradicionais.

O roteiro reserva espaço para o envenenamento de D. João, fato comprovado recentemente, no início dos anos 2000. Por meio de uma fabulação de vozes múltiplas, veremos um país nascido sob o signo da pluralidade, a despeito da unanimidade burra que predomina no cenário atual.

“É uma escavação”. explica Luiz Fernando. “Iremos escavando em busca do passado, reencontrando fantasmas nas salas do Império, colonialismo, violência social, autoritarismo e escravidão. Fantasmas que, infelizmente, ainda se manifestam no presente como prática arraigada. Sem esta reflexão sobre a constante atualização do colonialismo histórico e suas estruturas de poder, me parece uma falácia pensarmos a ideia de um futuro, um país mais belo e justo para todos.”

Diretor de grandes realizações na Globo, Luiz Fernando está interessado em embutir educação no pacote de entretenimento proposto pela TV, e celebra a chance de levar “Independências” à tela da TV aberta.

“Nos tempos de hoje, onde a linguagem internacionalizada dos streamings se torna cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, o convite da TV Cultura é um enorme desafio: refazer o diálogo entre entretenimento e educação. Não vejo como poderia um diretor realizar seu trabalho sem sentir a necessidade de enfrentar os desafios éticos e estéticos do seu tempo.”

Para o diretor, é necessário aos artistas e especialistas que trabalham no veículo pensarem numa nova função para a televisão aberta. “Esta nova função estaria, no meu modo de sentir, diretamente ligada à educação, e, por tanto, a uma produção de consciência e reeducação dos sentidos através de conteúdos relevantes.”

Além de Fagundes e Ilana, o elenco conta ainda com Daniel de Oliveira, como D. Pedro, Gabriel Leone como D. Miguel, Fafá de Belém e Margareth Menezes, atrizes especialmente convidadas, ao lado de Walderez de Barros, Maria Fernanda Cândido, Jussara Freire e Lea Garcia.

Gabriel Leone vive D. Miguel na minissérie / Divulgação

Entre os atores especialmente convidados, estão Renato Borghi, Pedro Paulo Rangel, Cacá Carvalho e Marat Descartes.

A lista segue com Louisa Sexton, Isabél Zuaa, André Frateschi, Cassio Scapin, Carol Badra, Katia Daher, Zahy Guajajara, Mauro Schames, Celso Frateschi, Plínio Soares, Wilson Rabello, Fernando Neves, Flávio Tolezani, Sergio Silviero, Zé Renato Forner, Alli Willow, Rodolfo Vaz, Ermi Panzo, Rafael Cortez, Bruna Miglioranza, Odilon Esteves, Sergio Mastropasqua, Fernando Nitsch, Luís Mármora, Marcelo Andrade, Dani Ornellas, Rogério Brito, Tay Lopes, Darcio de Oliveira, Marcelo Diaz, Juliana Sanches, Liz Baskerville.

Apresentando Alana Ayoká como Peregrina Jovem, Marcela Vivan como Domitila, Verônia Mucúna como Maria Felipa, Jamila Cazumbá como Joana Flor e Ywy’zar Guajajara como Cyara.

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Cristina Padiglione

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