Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Silvio Santos: ‘Artista quer elogio, não quer dinheiro: é o meu caso’

Silvio com a filha número 2, Silvia Abravanel, no Troféu Imprensa aos melhores de 2018 / TelePadi

Entre uma gargalhada e outra durante a gravação da edição do ano do Troféu Imprensa, na terça-feira, Silvo Santos expôs o lado mais frágil do homem de grande talento comercial que sempre foi: o lado artístico.

Ao lembrar a habilidade que seu ex-braço direito Luciano Callegari tinha para driblar pedidos de aumento de salário feitos por artistas do SBT, desde os tempos da TVS, Silvio se saiu com essa: “Artista quer elogio, não quer dinheiro: é um semideus. É o meu caso”.

E gargalhou.

Muitas vezes se falou que Silvio, embora ótimo negociante e administrador, era mais artista do que empresário, e isso seria um dos fatores de obstrução no crescimento de seu canal de TV, que ele, assumidamente, tratou como “brinquedo”, na mesma gravação de ontem. Ao comentar a definição que Maurício Stycer dá para a sigla SBT em seu livro, “Topa Tudo Por Dinheiro”, sobre o animador, Silivo leu, com orgulho: “Silvio Brincando de Televisão”.

“É verdade”, admitiu. “Quando se trabalha com o que se gosta, não é trabalho, é diversão, vira brincadeira”, disse.

Em várias análises que comparam a trajetória da Globo à do SBT, a capacidade de seus fundadores em delegar poder de decisão sempre foi mencionada: enquanto Roberto Marinho entregava a terceiros mais experientes que ele a administração de ideias de sua estação, Silvio historicamente comanda o gado com a própria mão.

O dono do SBT é conhecido por interferir nos rumos artísticos da casa com frequência e impulsividade, como criança diante de um brinquedo. É bem verdade que ao longo desses quase 40 anos, ele mais acertou do que errou. Conhece como poucos o que o público quer e o seu nível de compreensão. Tem faro para perceber futuros talentos. Mas também é verdade que ele nunca omitiu sua vaidade artística, muitas vezes colocada acima da vaidade administrativa.

Faz parte do show. E sem isso, Silvio não seria Silvio.

No programa que vai ao ar domingo, do qual participei como jurada mais uma vez, Silvio recebe Isabela Santoni, vencedora do prêmio de Revelação em 2014, por “Malhação”, e elogia a beleza da jovem atriz. Vai logo avisando que não pode falar muito sobre isso, ou vão dizer “o que falaram sobre Claudia Leitte” (No Teleton de 2018, o animador disse à cantora que ele não poderia abraçá-la, pois ficaria “excitado”, episódio que gerou muito debate).

“Aprendeu a lição, né, Silvio?”, rebateu ela, docemente, longe do tom de julgamento.

Mas ele segue adiante: “Mas com uma roupa como essa, queriam que eu dissesse o quê?” Isabella trajava um vestido curto em paetê, muito singelo e elegante.

Silvio com Isabella Santoni / TelePadi

Sérgio Guizé também apareceu para tremer diante do mito e pegar suas estatuetas (Troféu Imprensa e Troféu Internet) dado pelo público, por Candinho, personagem da novela “Êta Mundo Bom”.

Pouco antes de entrar em cena, cruzou nos bastidores com seu conterrâneo de Santo André, Danilo Gentili, que apareceu para pegar mais um troféu pelo “The Noite”, sucesso de audiência no próprio SBT.

Ainda da casa, lá estiveram Eliana, Roberto Cabrini e Carlos Alberto de Nóbrega, que divertiu a plateia com ótimas tiradas e, ao final, teve um pedido de abraço recusado pelo patrão: “Que abraço, o quê?”

Silvia Abravanel, a filha número 2, tratada por ele como “Silvinha”, apareceu para pegar seu troféu pelo “Bom Dia e Cia.”, único programa infantil que restou nas grandes redes abertas comerciais. Foi um diálogo quase formal, e ela agradeceu pelo aumento de salário que o pai lhe deu no ano passado: “Tá muito bom já, obrigada”.

Domingo tem mais. O júri se compromete a não divulgar com antecedência os resultados da votação. Podemos adiantar aqui, como já o fiz pela minha coluna no jornal “Agora SP”, que Silvio recorreu ao voto secreto em três categorias em que ele ou familiares estavam envolvidos, para evitar o constrangimento dos jurados.

Vai aqui um spoiler: em duas das três vezes, a família Abravanel levou a melhor mesmo com voto sigiloso. Perdeu uma.

Troféu Imprensa: domingo, a partir das 20h, no SBT.
Votaram: Nelson Rubens (RedeTV!), Keila Jimenez (R7 e Record), Maurício Stycer (UOL), Léo Dias (UOL), Flávio Ricco (UOL), Sônia Abrão (RedeTV!), Ricardo Feltrin (UOL), Daniel Castro (UOL), Marcelo Bartolomei (Revista Caras) e Cristina Padiglione (Folha de S.Paulo/TelePadi, Agora SP/Zapping e Olá e TV Gazeta/Todo Seu).

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