Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Silvio Santos chega aos 91 longe das câmeras, mas não das decisões

Silvio ri da própria videocassetada no 'Topa Tudo Por Dinheiro'. Foto: João Batista da Silva/Divulgação

Parabéns ao Senor Abravanel, aniversariante do dia e funcionário do mês, todo mês, há mais de 60 anos de sua própria empresa.

O codinome Silvio Santos é ainda mais antigo. Vem do rádio, meio que o abraçou desde muito cedo.

Silvio chega aos 91 anos em condições de animar um auditório, como mostrou por três semanas neste ano. Depois de quase dois anos confinado, o dono do SBT voltou a comandar seu programa, ainda sem plateia presencial. Foram duas ou três edições, volume suficiente para nos brindar com suas boas tiradas, como dizer que Faustão estaria na “rua da amargura” por trocar a Globo pela Band.

Mas logo o patrão foi infectado pela Covid e voltou para casa.

Só recentemente, submeteu-se a uma terceira dose da vacina, e que bom que a sua lealdade ao presidente Jair Bolsonaro não é exatamente uma concordância com suas ideias.

Silvio Santos

Viva a vacina, viva o Silvio. Quanto ao Bolsonaro, não vale a pena mencionar seu negacionismo neste brinde ao Silvio, sempre cioso de obedecer o presidente da República, seja ele (ou ela) quem for.

O fato é que o empresário se mantém fiel a cuidados que a maioria de nós já abandonou.

Se as novelas da Globo voltaram a ser inéditas, se tornamos a nos aglomerar em bares, shows e estádios de futebol, se a pandemia parece finada para tanta gente, seu Silvio segue no seu confinamento, longe das câmeras do SBT e das redes sociais, com raras aparições.

A distância física não significa abandono da firma. Silvio continua a ditar as regras da programação de sua estação, como gosta de chamar a emissora, e a dar pitaco sobre quem sai e quem fica na casa. Ainda que o SBT não esteja lá em grande forma de audiência, o poder da marca mantém largo fôlego, fruto de um trabalho de 40 anos na cola da líder do setor, a Globo, que hoje baila para permanecer mais relevante que outras tantas telas que têm se multiplicado nos últimos 10 anos.

Em meio a tantas transformações no hábito de consumir imagens, da TV linear ao vídeo que chega pelo WhatsApp, a imagem de Senor Abravanel lá está, cristalina e cristalizada nas raízes que fizeram dele quem ele é. É por isso que os cacoetes do discurso machista de um passado recente não o abandonam, e por mais que alguns comportamentos hoje soem inaceitáveis, sempre haverá quem releve isto ou aquilo em favor do contexto por ele representado, um senhor nascido em 1930, criado e crescido em outro mundo.

Mas também não é para apontar dedos acusatórios ou para passar pano que se destina este texto.

A gente só quer mesmo é celebrar uma trajetória de sucesso e desejar saúde e sorte a Senor Abravanel, honrando a letra da música que diz: “da vida não se leva nada, vamos sorrir e cantar”.

Reprodução

 

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