Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

‘Até marcamos um almoço, mas ele, como sempre, não veio’: Boni sobre veto a Tim Maia

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que comandou a Globo por mais de três décadas. Foto: Reprodução 'Programa do Bial'

Por ocasião dos 20 anos da morte de Tim Maia e do musical que o homenageará no “Fantástico”, neste domingo, resgatamos aqui no TelePadi, ontem, o veto sofrido pelo cantor na Globo em 1993.

Na época, não consegui ouvir do Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então vice-presidente de Operações da Globo) mais do que ele dizia no memorando ao qual tive acesso, distribuído aos principais diretores de shows da emissora, proibindo a participação do cantor em todos os programas da casa. A ordem veio após o cantor, famoso por não honrar os compromissos marcados, dar o cano no “Domingão do Faustão”.

Vinte e cinco anos depois, ao resgatar a reportagem sobre o tema, assinada por mim na extinta “Folha da Tarde” (modéstia às favas, com exclusividade), resolvi de novo procurar o Boni para saber se eles tiveram tempo de fazer as pazes.

Eis o que ele gentilmente me respondeu:

“Já havia uma determinação anterior proibindo o Tim de ser chamado para programas AO VIVO. O curioso é que nem quando era gravado ele vinha. Mas os músicos cobravam da Globo e éramos obrigados a pagá-los . Isso gerou esse memo. Pessoalmente nunca houve problemas da minha parte. Somente uma atitude profissional. Depois nos falamos e até marcamos um almoço. Mas ele, como sempre, não veio.”

Na ocasião, quando conversei com Tim Maia, ele garantiu que ele é quem pagaria os músicos, mas esse custo, naquele tempo, saía da emissora ou da gravadora do artista, dependendo do programa e da emissora em questão. No caso do “Domingão”, esses gastos até hoje são cobertos pelo programa.

Como Tim não avisou que faltaria ao programa, seus músicos de fato apareceram no Teatro Fênix, onde Faustão fazia seu “Domingão”, no Rio, e tinham de ser pagos pela diária do trabalho – ainda que não tenha se consumado, pois saíram de suas casas e deixaram de atender a outros compromissos para honrar a presença lá.

Mas, a despeito de tudo isso, Boni acrescenta que o repertório de Tim teve grande espaço nos programas da casa: “As ligações com Tim Mais eram excelentes. Ele compôs e gravou a canção ‘João Coragem’ para novela ‘Irmãos Coragem’, que praticamente o lançou na televisão em 70, quando voltou dos Estados Unidos. Lançou varias canções na Som Livre e teve varias canções em novelas. Foi no ‘Fantástico’ que lançou seu disco ‘Racional’ e onde deu sua primeira entrevista sobre o Universo em Desencanto. Depois começou a faltar e isso colocava a emissora em descrédito porque parecia que as chamadas anunciavam o que a emissora não tinha. Passamos a cortá-lo dos programas ao vivo e depois dos gravados. Uma reaproximação foi tentada pelo Chico Recarey, sem sucesso.” 

Abaixo, o documento de 24/06/1993 assinado por Boni, uma das centenas de memorandos que ele distribuiu ao longo de sua gestão no comando da Globo:

 

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione