Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Temido chefe da facção em nova série da Netflix, Seu Jorge fazia crochê nos bastidores

Quem diria que Edson, personagem vivido por Seu Jorge, o temido chefe da facção que dá nome à nova série brasileira da Netflix, fazia crochê nos bastidores das gravações? A revelação foi feita por Naruna Costa, atriz que dá vida à irmã do meliante, uma advogada de nome Cristina, em evento promovido nesta quarta-feira (9) com o elenco da produção.

Em oito episódios, “Irmandade” estreia no mundo todo em 25 de outubro e é  a primeira produção da O2 Filmes para a Netflix.

O elenco conta ainda com Lee Taylor, Hermila Guedes, Danilo Grangheia, Pedro Wagner e Wesley Guimarães. Era para ser uma entrevista coletiva, mas Adriana Couto, apresentadora do Metrópolis, da TV Cultura, contratada pela plataforma para conduzir uma conversa inicial com os atores e o diretor e roteirista Pedro Morelli, acabou por ocupar mais da metade do tempo destinado à entrevista para a qual foram convidadas dezenas de jornalistas.

Embora a criação da facção Irmandade faça referência ao ano de 1994 e se passe em São Paulo, berço do PCC (Primeiro Comando da Capital), também nascida nesse período, o roteirista Pedro Morelli fez questão de descartar qualquer relação entre o grupo da ficção e o da vida real. “Nós pesquisamos várias facções, não é ligada a nenhuma delas, especificamente”, disse ele, mesmo reconhecendo que algumas condutas são muito parecidas.

A questão da negritude no audiovisual foi bastante mencionada por se tratar de um movimento ainda em período de consolidação, apesar do grande avanço notado de um ano e meio para cá. Mais raro do que ver a negritude da população representada na tela na mesma medida da vida real é encontrar personagens que não sejam serviçais ou bandidos, caso do papel de Naruna, uma advogada que bem no início da história trabalha no Ministério Público.

“Nós começamos a conversar e a contar as histórias de cada um de nós e eu achei tudo tão parecido comigo, mesmo sendo de outro lugar, e depois o Wesley, que é de outra geração e veio contar a história dele, de novo encontramos uma coesão de memórias, de relatos com os mesmos dilemas”, disse ela.

“No nosso caso, se gostar foi uma coisa muito fácil”, endossou Seu Jorge, que, como bem lembrou a produtora Andréa Barata Ribeiro, sócia da O2, ele não só fazia crochê nos bastidores, mas também cantou e tocou muitas vezes naquele espaço, para a alegria do staff.

“A hora em que o Edson chora, a Cristina chora, é um choro nosso também, é uma dor nossa”, completou Seu Jorge.

O músico e ator, também protagonista do filme “Marighella”, da mesma O2, que deve ser lançado por volta de abril do ano que vem, fez questão de mencionar a relação com a figuração, a quem chamou de “elenco de apoio”. “Teve uma hora em que estava todo mundo com pau, com pedra, correndo sobre o telhado, todo mundo gritando e ninguém ouvindo ninguém, eu falei: ‘vou ter que liderar’. Depois a gente fez até o  churrasco da figuração, com pagode, foi demais! Pô, figuração não come, não mija, não vai ao banheiro…”, disse ele, arrancando risos dos presentes. Sim, figuração sofre.

A equipe gravou por 85 dias em uma ala desativada do presídio de Piraquara, próximo a Curitiba, o que, na opinião de todos, contribuiu muito para a verossimilhança do resultado final. “Gravei o filme ‘Salve Geal’ em um presídio desativado e já havia lá uma energia que a gente sente, mesmo sem a presença de detentos no local”, disse Lee Taylor. “Mas, dessa vez, saber que ao lado havia presos e muitas vezes eles estavam assistindo às nossas cenas, ter esse contato e sentir a energia deles mexe com o ser humano. Você nunca sai igual de um presídio”, completou.

“Os caras gritavam das janelas: ‘aê, Seu Jorge!’ Eu saio mais rico daqui”, emendou o protagonista.

A rotina de gravações obrigou o elenco a se adequar às regras do presídio, inclusive passando por revistas a cada entrada no local. A 500 metros dali, os celulares já não tinham mais sinal, uma medida de segurança, o que também afetou o expediente da equipe.

Para Seu Jorge, que até hoje só havia feito cinema, a dinâmica da série foi uma surpresa. “Sempre cheguei no set com texto pronto, e na série nem tudo está pronto. Chega na hora, é um tal de cortar uma fala aqui e emendar outra ali, tem um movimento que no roteiro do filme é bem mais raro”, contou.

SINOPSE

Ambientado na cidade de São Paulo dos anos 90, o thriller conta a história de Cristina, uma advogada honesta e dedicada que descobre que seu irmão Edson está preso e lidera uma facção criminosa em ascensão – conhecida como “Irmandade”. Ela é forçada pela polícia a virar informante e a trabalhar contra o irmão, que não vê há anos. Ao se infiltrar na Irmandade, numa missão arriscada e perigosa, ela entra em contato com seu lado mais sombrio, e começa a questionar suas próprias noções de Justiça.

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Cristina Padiglione

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