Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

TV Cultura reprisa Persona com Eva Wilma

Eva Wilma em depoimento ao Persona, da TV Cultura, em 2015/Divulgação

A TV Cultura rende sua faixa notura deste domingo (16) a homenagens às perdas deste fim de semana. Além de reapresentar o Roda Viva com Bruno Covas a partir das 23h, como aqui já foi noticiado, a emissora reexibirá o Persona com Eva Wilma, edição gravada em 2015, a partir das 21h deste mesmo domingo (17).

A atriz morreu na noite deste sábado (16), em consequência de um câncer de ovário disseminado, aos 87 anos.

O Persona é um programa dedicado a revisitar a trajetória de seus convidados e tem se tornado um relevante registro da memória de nossos artistas, de modo que vem bem a calhar para este momento de despedida. Temos ali a própria atriz a falar de sua história, amparada por imagens de acervo de peças, novelas, filmes e especiais, incluindo cenas raras que surpreenderam até a entrevistada.

A conversa é conduzida pela jornalista Regina Helena de Paiva Ramos e pela escritora e amiga Edla Van Seteen (1936-2018). Vivinha, como era conhecida no circuito de amigos e familiares, fala do início como bailarina e até de um teste realizado para um filme de Alfred Hitchcock, entre outras curiosidades de um histórico que somava mais de 70 anos de ofício.

A atração se ocupa também de depoimentos dados em vida, como o do advogado e agente artístico Sérgio D’Antino, que conta que Eva Wilma foi a primeira presidente da Apetesp (Associação dos Produtores de Espetáculos de São Paulo). Regina Duarte, o diretor Antunes Filho e o ator Renato Borghi relembram histórias com Vivinha, que homenageia então José Wilker (2944-2014), morto pouco tempo antes da gravação desse Persona.

Eva Wilma relembra sua infância, fala sobre a época em que ingressou no Balé do 4º Centenário de São Paulo, em 1954, e de quando conheceu seu primeiro marido, John Herbert. Lembra-se de seus dias no Teatro de Arena e da noite em que, no TBC, em 1953, o ator Renato Consorte a abordou para dizer que Cassiano Gabus Mendes queria levá-la para a televisão.

Diretor da TV Tupi, Cassiano dirigiu Eva e John Herbert no programa “Alô, Doçura!”.

A atriz resgata ainda os tempos da ditadura militar, assim como sua atuação em novelas como “Mulheres de Areia” (1973, na TV Tupi), o fim do casamento com John Herbert (1929-2011) e a paixão pelo ator Carlos Zara (1930-2002). Rememora com afeto o sucesso da peça “Querida Mamãe”, na década de 1990, com a atriz Eliane Giardini, e presta homenagem ao ator José Wilker (1944-2014), que dirigiu o espetáculo e havia morrido pouco tempo antes de o programa ser gravado.

Aliás, Eliane Giardini publicou um post em seu perfil no Instagram com foto da época de “Querida Mamãe”, peça de Maria Adelaide Amaral, homenageando a atriz.

“Quero honrar a Vivinha, a que eu trago no meu coração há décadas, que conheci intensamente nos meses que antecederam nosso ensaio de Querida Mamãe da Maria Adelaide. Estávamos em novelas diferentes e nos encontrávamos na casa da Gávea para ler o texto, conversar sobre as personagens e sobre nossa vida. Ali conheci a mulher cuidadosa para com seus afetos, com seus compromissos, com sua carreira. Foram tardes aquecidas de afeto, compreensão, troca interminável de histórias vividas, dores, alegrias. Quando Wilker chegou e começou a dirigir, ele mesmo constatou que estávamos prontas, era só levar para o palco aquela intimidade adquirida. E isso ficará para sempre. Como você dizia, saudade é o amor que fica. Muita saudade de você.”

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Cristina Padiglione

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