Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

TV Escola lança ‘Masterchef’ social com merendeiras do ensino público

Eri Johnson comanda o reality com dez merendeiras de escolas públicas no Brasil / Carlos Henrique Rios/Divulgação

Providencie uma boa dose de “Masterchef” com pitadas conceituais de Jamie Oliver e um elenco absolutamente rico pela diversidade regional. Esse é o ponto de partida para se obter uma receita de “Supermerendeiras”, o primeiro reality show da TV Escola, que estreia no próximo dia 28.

A fórmula mescla o formato do programa aqui produzido pela Band com a ideia de alimentação saudável que levou o chef inglês Oliver a revolucionar a alimentação das escolas britânicas – depois chamado a fazer o mesmo nos Estados Unidos.

Apesar das referências vindas de fora, “Supermerendeiras” estampa uma proposta bastante original, já que 30% do menu tem de vir, obrigatoriamente, de agricultura familiar. Isso reforça a valorização de produtos nacionais à mesa.

Em um dos episódios, o grupo de candidatas se divide entre uma turma que fará receitas baseadas em comunidades quilombolas e outra ficará encarregada de preparar pratos com influência indígena, cada uma com a sua lista de ingredientes.

“Em outro episódio, a prova é aproveitar as sobras de alimentos, como cascas e outras partes normalmente descartadas”, conta o diretor de produção e programação da TV Escola, Cláudio Jardim.

O reality, como manda o nome, lida com situações reais. Mesmo sob o conforto do estúdio e a estrutura do cenário, haverá, por exemplo, o episódio em que as merendeiras terão de se virar sem gás, situação muito comum em vários estabelecimentos públicos de ensino, infelizmente. “Elas tinham que bolar um prato em cima desse desafio”, conta Jardim ao TelePadi, em nossa visita à sede da emissora, no Rio.

São dez merendeiras de escolas públicas – estaduais e municipais – selecionadas entre 5 mil profissionais do ramo, dos centros urbanos aos mais longínquos rincões Em 13 episódios, elas devem cumprir 9 provas com base nos eixos centrais da alimentação escolar, que são o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período em que permanecem na escola.

A apresentação é de Eri Johnson.

A seleção, com merendeiras de Goiás, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Pará, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, veio do concurso “Melhores Receitas da Alimentação Escolar”, promovido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em 2015, e mais cinco vencedoras do mesmo concurso de 2016. “Isso para nós já é uma vitória: estar aqui, ser valorizada no dia a dia do trabalho, onde a gente está preparando alimentação para crianças, que muitas não têm nada em casa”, conta Maria de Lourdes, de Matelândia (PR), uma das selecionadas.

As receitas das provas serão avaliadas por três jurados, sendo dois especialistas em alimentação e educação, e um aluno do Ensino Médio de uma escola no Rio de Janeiro. São eles: A nutricionista Nathalia Silva Raposo Barreiros, mestre em Ciências da Saúde pela ENSP/Fiocruz,  e responsável técnica pelo Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) no município de Petrópolis/RJ; o chef de cozinha André Luiz da Silva, especialista em nutrição funcional; e o aluno Milton Carlos Espindola da Silva, de apenas 19 anos, estudante da rede pública do município do Rio de Janeiro.

A temporada reservará aos dois primeiros episódios a apresentarão as participantes e suas grandes histórias. Tem a mulher que delega ao marido as tarefas de casa, para honrar seu trabalho. Tem a merendeira voluntária, e tem a profissional que só agora está aprendendo a ler, que confessa: “Estou cansada de ver a vida pelos olhos dos outros”.

“Existe um apelo social, todas elas têm histórias de imensa vulnerabilidade, de chorar, desde aquela que foi violentada quando criança (o que a gente não fala no programa, mas a gente sabe”, comenta a assessora de Comunicação da TV Escola, Verônica Cobas. “Elas criam uma função social na escola.”

Na final, elas fazem o prato que as classificou para o programa, por meio de dois concursos. A candidata de Pernambuco apresenta um menu com bode, enquanto a do Pará faz um macarrão no tucupi e a da Bahia, um abará.

As restrições rigorosas à alimentação das crianças tornam os desafios do reality ainda mais interessantes que um “Masterchef”. Alimentos industrializados, que já não são bem-vindos nos cardápios mais bem cotados, são praticamente vetados nas cozinhas escolares. Nugget? Nem pensar. Nem pizza e hambúrguer, mesmo feitos na própria cozinha, são bem-vindos.

“O programa será voltado a alunos, professores, gestores, pais, profissionais da área de nutrição e formadores de opinião”, define o diretor geral da TV Escola, Fernando Veloso. “Foram realizadas gravações nas cidades de cada candidata para apresentação das competidoras, sua emoção diante do desafio e a expectativa de suas famílias e dos estudantes das escolas onde atuam.”

“SuperMerendeiras” é uma parceria da TV Escola com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e Ministério da Educação (MEC).

A estreia acontece no dia 28 de setembro, às 21h, e o programa fica disponível no site da TV Escola, não só para espectadores, mas também para alunos e professores interessados em fazer desse conteúdo um assunto na sala de aula.

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Cristina Padiglione

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