Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Waack negocia com produtora antes de tirar férias

Divulgação/Globo

Conversei com William Waack para uma entrevista que a Folha de S.Paulo publica agora na Folha. Falamos dos novos rumos dados à imprensa nesses tempos em que grupos multiplicam suas ações na internet, de racismo, imagem, intrigas e, claro, do que ele pretende fazer de agora em diante, após quase 22 anos de Globo.

Durante nossas tratativas para que a Folha enviasse ao seu encontro o repórter fotográfico Bruno Santos, soubemos que ele estaria na sede da produtora Bossa Nova Films, e esta foi minha última pergunta a ele: qual o propósito daquela visita? Antes que o jornalista respondesse, eu mesma já disse que sabia que ele não me diria, pois tratava-se de uma reunião sobre algum projeto ainda sigiloso, mas pedi que me contasse sobre os planos com a Bossa Nova assim que fosse possível. Ele concordou.

Foi minha primeira entrevista com Waack em  28 anos de profissão, e tenho pelo menos 25 dedicados à cobertura de TV. Sempre ouvi falar dele como alguém muito rígido, pouco simpático no trato pessoal e muito competente no que faz. Até seus desafetos ou quem discorda de seus pontos de vista endossam que o sujeito tem repertório e é muito cioso do que faz. Não pratica o chutômetro, ferramenta tão utilizada no jornalismo de modo geral, e mais ainda em tempos de internet, ao contrário, estuda com precisão o alvo dos assuntos que pretende enfocar.

Digo tudo isso para contar que esperava, portanto, alguém muito preparado para me responder sobre tudo, mas talvez antipático, o que não encontrei no entrevistado.

Como ele mesmo diz, não é de “jogar para a torcida” só para ser abraçado, o que é um valor raro e corajoso nesse universo da TV, com o qual lido, onde muita gente aparentemente tão simpática não se sustenta em conteúdo, para além do sorriso do retrato. E, convenhamos, nesse mundo regido pela cotação de likes em redes sociais, o ônus de ser respeitado mais pelo repertório do que pela foto é grande e faz desse aspecto um fator bastante relevante.

Não entro no julgamento da frase infeliz que veio a público (‘é coisa de preto’), e ele honrosamente foge de justificativas rasas ou menos danosas, descartando inclusive o argumento que atribui o deslize a um deságio entre gerações (antigamente isso era comum, disseram uns e outros).

Waack contou que se sente livre de um peso e com caminhos abertos para novos rumos. Entre 8 de novembro, quando o vídeo com o comentário veio a público, e a definição de sua saída da Globo, pouco antes do Natal, foram quase dois meses de silêncio. Embora estivesse suspenso da bancada e da edição do “Jornal da Globo”, seu nome continuava a constar nos créditos do noticiário e sua foto ainda ilustrava o produto na Globo Play, plataforma de vídeo sob demanda da Globo.

Quando lhe pergunto sobre novas propostas, ele não nega nem confirma o convite da Rádio Jovem Pan, noticiado por Flávio Ricco, colunista do UOL. Tampouco menciona nominalmente qualquer convite recebido, ainda em estudo, alegando que ainda não se definiu por nenhum deles. “Agora vou finalmente tirar férias”, disse.

As novas decisões ficarão para a volta, mas, garante: podem aguardar por sua participação na cobertura das eleições deste ano. “Estarei a postos.”

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Cristina Padiglione

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