Com Titãs e professores do Equipe, Groisman celebra a conexão entre educação e entretenimento
Na terça-feira (19), durante a gravação da edição do Altas Horas que a Globo exibe na noite deste sábado (23), Serginho Groisman levou um pequeno grupo de professores a ocupar uma das primeiras fileiras da sagrada arena do programa. Lançado há 23 anos, o formato do AH teve seu DNA definido pela TV Cultura, ainda em 1990, como Matéria Prima, sendo rebatizado como Programa Livre no SBT.
Mas foi no Colégio Equipe, em São Paulo, que o Serginho nasceu para aquela função que nos brinda há mais de 40 anos, desde os idos do TV Mix, na TV Gazeta.
Em tempos de ditadura, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Cartola, Novos Baianos, Hermeto Pascoal e Clementina de Jesus, entre tantos outros, cantavam no pátio daquela instituição de ensino, um oásis na ocasião, canções que já não podiam apresentar em qualquer lugar nem para pequenas plateias.
Um a um, os artistas eram carregados no fusquinha do apresentador, que também estudou no Equipe alguns anos antes de Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Nando Reis, Branco Mello, Sérgio Britto e Marcelo Fromer (1961-2001), os caras dos Titãs. A banda receberia também Tony Bellotto, natural de Santos, e Charles Gavin, então estudante de escola pública.
Os Titãs eram plateia nos shows promovidos por Serginho naquele tempo, assim como os cineastas Cao Hamburger, também aluno do Equipe, e Fernando Meirelles, que era estudante do Colégio Santa Cruz, mas passou a frequentar o pátio do Equipe atraído pela namorada, Ciça, com quem viria a se casar.
Branco, Nando e Arnaldo abraçam seus professores / Foto: Cristina Padiglione
Na noite deste sábado, o programa que a Globo leva ao ar com os Titãs em sua formação quase original, feito que vem lotando estádios por todo o país e ainda prevê várias apresentações para grandes públicos até o fim do ano, a arena do Altas Horas recebeu não só os professores do Equipe que lecionaram para os garotos antes da fama, mas também alguns de seus colegas de escola.
Estavam lá o Cao, o Fernando Salém (autor de várias composições com Arnaldo e outras canções), Ciça Meirelles e o marido, Fernando, Dimitri, que fez fotos de capas de discos para os Titãs, além de filhos e familiares da banda, ou simplesmente fãs, como eu, veja só, e o divertido Supla.
Mas esse foi um reencontro arrebatador para além da emoção que os meninos têm provocado nos shows da turnê “Encontro – Pra Dizer Adeus”, justamente pela presença dos professores da maioria deles ali homenageados, reverenciados e abraçados pelos ex-alunos.
Os depoimentos dos mestres, incluindo o de um deles que não pode comparecer presencialmente por questões de saúde – foram qualquer coisa histórica para a TV, na arte de conectar o ensino ao entretenimento. De maneira orgânica, singela, Serginho promoveu ali um merchandising memorável para a educação.
Nando Reis e Arnaldo Antunes reencontram professores do Colégio Equipe no Altas Horas / Foto: Cristina Padiglione
É verdade que o Altas Horas normalmente contraria o famoso verso cantado pela banda, “a televisão me deixou burro, muito burro demais”, mas a conjunção dos fatores envolvidos dessa vez corroborou de modo inesquecível a maestria do programa. Bem que Arnaldo, Bellotto e Fromer já diziam que a letra é uma homenagem à TV pelo viés irônico, e a edição deste sábado endossa que a TV tem toda a condição de divertir enquanto incentiva o ensino.
Bellotto, que não foi aluno do Equipe, sublinhou a ocasião e a homenagem aos professores, lembrando que a banda nasceu dentro de uma escola, ao contrário do que costuma ocorrer ou do estereótipo que associa a música ao abandono escolar.
Como diz um clichê de atores em entrevistas, “foi um presente” testemunhar ao vivo o abraço e o afeto de Arnaldo, Miklos, Nando, Branco, Britto e Groisman por seus professores. E é certo que essa comoção e bandeira pela educação estarão explícitas na edição do Altas Horas deste sábado, 23 de setembro, depois disponível no acervo do GloboPlay.
Vale a pena ver e ouvir.
